quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Razões da emigração italiana

Por parte da Itália, todos bem sabem, uma palavra resume as razões da emigração: a miséria. O primeiro e mais importante documento de identidade dos emigrados, o passaporte, quer em nome de sua majestade Vítor Emanuel II, quer em nome de Umberto I, testemunha esta condição. No lugar do selo, os passaportes trazem, com frequência, os seguintes dizeres: “Senza marca per comprovatamiserabilità”. Ou “esente da bollo per comprovatapovertà”. Noutros aparece simplesmente a palavra “gratis”. O passaporte de Luigi Zuccolotto, natural de Lentiai&mdashBelluno, expedido em dezembro de 1888, traz selo e carimbo, mas uma carta, 25 anos depois, em 6 de outubro de 1913, assinada por BasilioPiccolotto, diz ao filho de Luigi: “Chiedete a vostro padre delviaggiochefece a Genova, ilquale non se decidevadipiùmontare in treno a Milano se non ledavoio i bigliettiferroviari, perchèle mancava ildenarodiprenderli (…) allorapotevo, mentreoggihobisognoio”. Miséria de uma Itália que não existe mais, mas miséria declarada nos documentos pelos respectivos administradores, miséria nos corpos doentes, mal alimentados, cansados, forrados apenas de esperança.
Navio com italianos no porto de Santos (1907).

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